Sede da Fecomércio, Sesc e Senac RS

Por Estudio 41
7 minutos

Sede da Fecomércio, Sesc e Senac RS (texto fornecido pelos autores)

O projeto foi vencedor do Concurso Público Nacional para a Nova Sede da Fecomércio,
Sesc e Senac do Rio Grande do Sul, organizado pelo IAB-RS em 2011.

Memorial

O homem transforma o meio ambiente, interfere na natureza de modo a produzir espaços que abriguem suas atividades cotidianas. Nesse processo, provoca mudanças, constrói objetos, pensa em artifícios inseridos no ambiente natural. A presente intervenção sugere uma reflexão sobre a relação entre natureza e artifício. Propõe assim, edifícios que sejam ao mesmo tempo: artefato e paisagem, cobertura e relevo, abrigo e área aberta.

Fotografias: Eron Costin

Natureza e artifício

O projeto da nova sede administrativa da Fecomércio, Sesc e Senac do Rio Grande do Sul se insere em um terreno de 15ha ao norte de Porto Alegre. Trata-se de uma região limítrofe da malha urbana, onde o município de Porto Alegre encontra com sua região metropolitana.

Fotografias: Eron Costin / Isométrica geral

Partindo dessa realidade, o presente projeto coloca-se como um modo de interpretar essa relação entre o meio ambiente e a cidade, entre natureza e artifício. De fato, uma intervenção do porte do Sistema Fecomércio tem o poder de renovar, induzir e qualificar seu entorno imediato. Entendendo a força dessa ideia, propõe-se que boa parte dos espaços projetados possa ser utilizada, além dos usuários e colaboradores, pela comunidade local.

Fotografias: Eron Costin

Tornou-se necessário então agir em duas frentes:

– Interpretando o programa de necessidades como a possibilidade de invenção de um lugar – a Fecomércio – com forte identidade para a cidade e a comunidade local, fortalecendo assim a ideia da instituição como espaço de congregação, convívio e socialização de seus usuários e colaboradores, independentemente de quantos edifícios ou nomes de instituições estão a ele conectados;

Fotografias: Leonardo Finotti

– Propondo que os espaços de permanência de usuários, colaboradores e comunidade local estejam protegidos em uma cota mais elevada, preservando a ideia de segurança institucional mesmo habitando um terreno com fragilidades ambientais.

Fotografias: Eron Costin

Cortes A, B e C

Sugeriu-se então a criação de um edifício garagem horizontalizado, na cota +3,00m, conformado como um “podium”, sobre o qual se apoiam os edifícios principais. Esse embasamento, além de abrigar os veículos, comporta também as áreas técnicas e de serviços do complexo, permitindo que os usos de longa permanência desfrutem de visuais generosas da paisagem da região e dos espaços abertos propostos.

Fotografia: Leonardo Finotti

Planta nível +3,00

A cobertura dessa construção recebe tratamento paisagístico, prolongando-se até o parque proposto na porção Leste do terreno. Trata-se da invenção de uma nova topografia – um relevo artificial.

Fotografias: Eron Costin

O Centro de Convivência proposto, na cota +8,00m, age como elemento conector do conjunto edificado. Possuindo a característica de espaço público aberto, esse grande eixo funciona como antessala dos saguões de cada edifício: do Edifício Administrativo já edificado; e do Centro Educacional e do Centro de Eventos que serão futuramente construídos. Na porção Norte, o balanço de sua estrutura marca o acesso principal.

Planta nível +8,00

A torre administrativa é onde as atividades de trabalho se desenvolvem em pavimentos de planta aberta. Possui uma grande escada, junto à fachada sul, que proporciona visuais interessantes a cada pavimento que acessa, além de priorizar a circulação peatonal vertical através do edifício.

Plantas níveis +12,55 e +39,85, respectivamente

Fotografias: Leonardo Finotti


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Eron Costin (E.C.)

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no conjunto de toda a sua produção?

E.C. – Trata-se de um projeto de extrema importância para nosso escritório. Foi através da vitória neste concurso público de arquitetura que o Estúdio 41 se consolidou e é um projeto que trouxe muita visibilidade para nossa produção.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

E.C. – Foi através de um concurso público nacional de arquitetura, com a participação de 33 projetos.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Vocês destacariam algum momento significativo do processo?

E.C. – Após sermos contratados os relatórios de impacto ambiental indicaram que parte do terreno não poderia ser usada, e seria justamente a parte onde se encontrava a primeira fase do projeto. Desta forma precisamos rever todo o plano diretor e espelhar o projeto. Contudo o conceito macro do partido permaneceu mesmo após esta mudança drástica.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, podem comentar as mais importantes?

E.C. – Sim, participamos de todo o processo de projeto e compatibilização com os complementares. A principal alteração projetual foi no sistema estrutural, que era inteiramente em estrutura metálica e por conta dos custos houve alteração para estrutura pré-moldada em concreto. Contudo não houve alterações substanciais no aspecto geral do projeto.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

E.C. – Sim, participamos também no processo de acompanhamento da obra que durou três anos. Tivemos a sorte de sermos consultados constantemente e pudemos colaborar para solucionar os inúmeros problemas de obra inerentes a um projeto desta magnitude, uma vez que trata-se de 36 mil metros quadrados de projeto.

MDC – Vocês destacariam algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

E.C. – Pelo seu porte e localização é um projeto que acabou ficando muito conhecido e constantemente pessoas comentam que passaram em frente ou foram visitar, frequentemente impactados pela escala com comentários de que não imaginavam que era um edifício tão grande.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, fariam algo diferente?

E.C.– Passados doze anos da concepção do projeto com certeza faríamos coisas diferentes, pois evoluímos enquanto pessoas e arquitetos, embora a solução macro ainda nos pareça acertada e os relatos da pós ocupação, pelos funcionários e visitantes, têm sido muito positivos.

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

E.C. – Os materiais são utilizados de forma muito honesta e o sistema estrutural é exposto de forma a enaltecer sua função. Assim, trata-se de um edifício de arquitetura contemporânea, que reflete as técnicas construtivas de sua época e não está atrelada a nenhuma pré-determinação estilística.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostariam de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

E.C. – Acho interessante ressaltar que o edifício possui certificação ambiental Aqua, que contemplou desde a etapa de projeto até o monitoramento pós ocupação. Uma usina solar foi implantada e é capaz de suprir em torno de 30% da demanda por energia elétrica do complexo. A pré-fabricação e industrialização possibilitaram uma obra muito limpa e rápida, e tudo isso depende de um projeto muito mais detalhado e planejado do que os processos tradicionais de construção de nosso país. Ao final de tudo, ficamos muito contentes com o resultado final deste projeto e obra.


projeto executivo e documentos escritos


PARTE 1:
PROJETO ARQUITETÔNICO, PISO, FORRO E COBERTURA

97 pranchas (pdf).
76,29mb


PARTE 2:
DETALHES FACHADAS, DIVISÓRIAS, ESQUADRIAS E G.C.

44 pranchas (pdf).
37,53mb


PARTE 3:
DETALHES COPA, COZINHA, DML E I.S.

36 pranchas (pdf).
6,74mb


PARTE 4:
DETALHE AUDITÓRIO, CIRCULAÇÃO VERTICAL,
GUARITA MEDIÇÃO E HELIPONTO

37 pranchas (pdf).
41,36mb


PARTE 5:
MOBILIÁRIO FIXO E SINALIZAÇÃO

97 pranchas (pdf).
59,37mb


PARTE 6:
DETALHES CONSTRUTIVOS, EXECUTIVOS
ESPECÍFICOS E GENÉRICOS

15 pranchas (pdf).
12,95mb


PARTE 7:
PLANO DIRETOR E ARRAZOADO

61 formatos (pdf).
6,07mb


PARTE 8:
MEMORIAL DESCRITIVO

163 formatos (pdf).
0,47mb


PARTE 9:
ORÇAMENTOS DE CUSTOS

61 formatos (pdf).
1,96mb


localização e ficha técnica do projeto

Local: Porto Alegre, RS
Ano de projeto: 2013
Período de obra: 2017 a 2020
Arquitetura: Dario Corrêa Durce, Emerson Vidigal, Eron Costin, Fabio Henrique Faria, João Gabriel Rosa, Martin Kaufer Goic
Colaboradores: Moacir Zancopé Jr., Fernando Moleta, Alexandre Kenji, Rafael Fischer


Construtora: Construtora JL
Estrutura:
Vanguarda
Climatização:
Sistema Engenharia
Instalações Elétricas e Hidrossanitárias:
Eduardo Ribeiro
Cozinha Industrial: Nucleora
Paisagismo: Meta Arquitetura
Consultores de Acústica: Animacustica


Fotos:  Eron Costin e Leonardo Finotti
Contato: estudio@estudio41.com.br


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

DURCE, Dario Corrêa. VIDIGAL, Emerson. COSTIN, Eron. FARIA, Fabio Henrique. ROSA, João Gabriel. GOIC, Martin Kaufer. “Sede da Fecomércio, Sesc e Senac RS”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2023. Disponível em http://www.mdc.arq.br/2023/11/26/sede-da-fecomercio-sesc-e-senac-rs. Acesso em: [incluir data do acesso].


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