A construção de um campo historiográfico

Abilio Guerra

[1]

A historiografia da arquitetura moderna introduzida no Brasil a partir do final da década de 1920 é um fenômeno recente. Durante décadas imperou a visão presente nos mitológicos Brazil Builds (Philip Goodwin, 1943)[2] e Modern Architecture in Brazil (Henrique Mindlin, prefácio de Sigfried Giedion, 1956)[3], que foi repetida de forma tão sistemática que se transformou em quase axioma. Os textos de Goodwin e Giedion olhavam para a nova arquitetura a partir de uma perspectiva informada pelos pressupostos teóricos e históricos de Lucio Costa. No entendimento de Costa, a arquitetura moderna brasileira era resultante de dois fatores distintos e complementares: a fusão dos princípios europeus e dos elementos culturais nacionais; e a criatividade do gênio nativo, em especial do arquiteto Oscar Niemeyer. Há aqui um flagrante condicionamento de um ambiente intelectual que assumiu a identidade nacional como cerne de sua atuação cultural e artística; hegemônico no primeiro tempo modernista brasileiro, esse ambiente ocupou também posição central nos desdobramentos modernos dos anos 1940 e 1950.

A produção histórica escassa sobre a arquitetura moderna no Brasil até o início dos anos 1980 é resultante, dentre outros fatores, da falta de consistência teórica e metodológica da pesquisa histórica realizada na universidade – os raros programas de pós-graduação ainda não tinham se consolidado – e do ambiente endógeno na área de produção, em que os envolvidos na realização de obras arquitetônicas e sua divulgação – arquitetos, fotógrafos, editores, redatores etc. – compartilhavam dos mesmos princípios e valores a respeito da “boa arquitetura”. Não é de se estranhar, portanto, que em um ambiente intelectual engessado tenha sido de um estrangeiro, o francês Yves Bruand, o primeiro estudo abrangente sobre a carreira da arquitetura moderna em nosso país. Mas, mesmo neste livro fundamental – Arquitetura contemporânea no Brasil, publicado em 1981[4] – a pauta que estrutura os argumentos e a própria lógica da evolução ainda está embebida do DNA das ideias de Costa.

O livro de Bruand, ele próprio resultado de uma pesquisa de doutorado, sinaliza uma mudança fundamental em dois âmbitos: pesquisa em pós-graduação e publicações periódicas. Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP), pioneira na pós-graduação em arquitetura no Brasil[5], o curso de mestrado foi criado em 1972, mas será o de doutorado, estruturado em 1980, que dará novos parâmetros para a pesquisa em história, além de formar um expressivo contingente de professores para os cursos de mestrado que serão fundados a seguir em outras universidades públicas brasileiras, com especial destaque para a Escola de Engenharia de São Carlos, da USP. Nessa escola, o curso de mestrado em arquitetura remonta a 1971, mas só a partir de 1985, quando ocorre a implantação do curso de graduação em arquitetura e urbanismo, com a participação de professores com mestrado e/ou doutorado na FAU USP – dentre eles, Carlos Alberto Ferreira Martins, Carlos Roberto Monteiro de Andrade, Renato Anelli, Agnaldo Farias e Nabil Bonduki –, é que se consolida o projeto que resultará na área de concentração “Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo”, criada em 1993. Outros cursos de mestrado, como é o caso dos implantados na Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1983 e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1987, também se beneficiaram da matriz uspiana, mas com menor intensidade, pois neles é muito expressivo o número de professores com pós-graduação no exterior. Tal situação é ainda mais flagrante na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde a influência da FAU USP é mínima. O Programa de Pós-graduação em Arquitetura (Propar) foi fundado em 1979 e começou a oferecer cursos de especialização em 1980, de mestrado em 1990 e o de doutorado em 2000. Seus mais destacados professores, Carlos Eduardo Dias Comas e Edson da Cunha Mahfuz, realizaram suas pós-graduações no exterior, assim como diversos dos outros membros do programa. Essa relativa autonomia talvez explique a diversidade do foco das leituras históricas ali realizadas.

No campo das publicações periódicas, depois de um interregno de quase uma década sem revistas de arquitetura relevantes, o quadro irá se reverter nos anos 1980: “No Brasil”, assinala Hugo Segawa, “revistas como Habitat e Módulo dos anos 1950 e Acrópole dos anos 1960 (com menos rigor) aproximaram-se das linhas editoriais de tendência, como Arquitetura refletiu as posições da corporação nessa mesma década, até o fenecimento da imprensa de arquitetura no início dos anos 1970. O ressurgimento das publicações regulares nos anos 1980, com a Projeto (a partir de 1979) e AU (desde 1985), não marcou a retomada de ‘revistas de tendência’, mas refletiu as incertezas de um país no limiar da redemocratização, o atordoamento pós-moderno e a concordata da modernidade brasileira”[6]. As duas novas revistas iniciam um processo de profissionalização do jornalismo em arquitetura, com destaque para Ruth Verde Zein, Cecília Rodrigues do Santos e o próprio Segawa[7]. Na revista Projeto daquele período é possível encontrar textos jornalísticos inspirados, em que a intuição dos articulistas aponta para temas e questões inovadoras, e o início de preocupações mais rigorosas do ponto de vista crítico e histórico. A tônica comum é de um entendimento mais crítico da arquitetura moderna e de uma maior abertura em relação às temáticas e poéticas arquitetônicas contemporâneas. Em um sentido mais geral, pode-se dizer que nesse momento surge uma consciência da historicidade do moderno e as implicações correspondentes, em especial a possibilidade de se fazer balanços, comparações, ajuizamentos críticos etc.

Curiosamente estes dois elementos – pesquisa e revista – estiveram presentes simultaneamente em duas unidades da PUC, permitindo que participassem da discussão historiográfica. Ainda nos anos 1980, na falta de uma escola de arquitetura[8], o Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura do Departamento de História da PUC-Rio abrigou um grupo de intelectuais de primeira linha, o que possibilitou a experiência marcante da Gávea, revista de história da arte e arquitetura, cujo primeiro número foi publicado em 1984. Ao longo dos anos, participaram como editores e membros do conselho editorial personalidades como Carlos Zílio, Eduardo Jardim de Moraes, Margareth da Silva Pereira, Jorge Czajkowski, Ronaldo Brito, João Masao Kamita, Roberto Conduru e Rodrigo Naves. Na década seguinte, a PUC-Campinas, graças ao investimento na carreira docente, possibilitou que seus professores se qualificassem com mestrado e doutorado, realizados na FAU USP e no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Essa experiência – que contou com a participação dos professores Sophia S. Telles, Luis Espallargas Gimenez, Maria Beatriz de Camargo Aranha, Áurea Pereira da Silva, Vladimir Bartalini, Silvana Rubino e Abilio Guerra – teve na revista Óculum, publicada a partir de 1992, uma de suas expressões importantes[9].

São os artigos escritos e publicados nesse ambiente intelectual, entrelaçando jornalismo especializado e pesquisa acadêmica, revistas comerciais e periódicos universitários, que dão a base inicial para a formação do espaço de pesquisa sobre arquitetura moderna brasileira, ou simplesmente do “campo”, como diria Margareth da Silva Pereira. Desde então se avançou muito, graças à sedimentação dos mencionados cursos de pós-graduação e a criação de outros, tanto em escolas públicas como privadas, alguns em rápido processo de amadurecimento, como é o caso dos oferecidos pela PUC-Campinas e Mackenzie. Hoje, portanto, o quadro é muito distinto de trinta anos atrás, pois já foram realizados uma cobertura temática de grande amplitude e estudos monográficos aprofundados[10].

A ideia de publicar esta coletânea de artigos, que consideramos fundamentais para a compreensão da formação da historiografia sobre a arquitetura moderna brasileira, é acalentada há alguns anos. O período que nos separa de suas publicações originais é relativamente curto – o primeiro deles data de 1983 – e eles continuam presentes nas bibliografias de artigos, mestrados, doutorados, disciplinas etc. Essa constatação torna incômoda a situação de quem os reapresenta ao público, pois alguns riscos de interpretação equivocada são eminentes. O primeiro deles é supor que aqui estão apresentados os textos inaugurais da construção historiográfica da arquitetura moderna brasileira. Para nos antepormos a quem assim considerar, sacamos de empréstimo o comentário de Lucio Costa em seu debate epistolar com Geraldo Ferraz, que defendia Gregori Warchavchik como o introdutor da arquitetura moderna no Brasil: “não adianta […] perderem tempo à procura de pioneiros – arquitetura não é Far-West[11]. Mas, diferente de Lucio Costa – que desloca astuciosamente a questão ao defender Niemeyer como autor dos princípios que norteariam o seu desenvolvimento no país –, nós apontamos aqui a dificuldade, e até mesmo a impossibilidade, em detectar pioneirismo de ideias em um ambiente em que o rigor acadêmico ainda não havia fincado raízes. Portanto, os textos aqui presentes não são necessariamente os primeiros publicados sobre a questão historiográfica e, seguramente, se beneficiaram do momento propício à construção do “campo”. Mas eles são ou os artigos que mais desdobramentos provocaram no debate historiográfico nas últimas décadas – em especial, os presentes na parte 1 desta coletânea –, ou exemplos interessantes dos desdobramentos de ideias, pressupostos e métodos ali contidos.

O segundo risco é de considerar os textos selecionados como atuais, no sentido que seriam as últimas elucubrações sobre os assuntos historiográficos. Não o são, evidentemente. O tempo – que corrói todas as coisas, segundo o velho adágio ovidiano – não os deixou impunes. Como não podia deixar de ser, mais do que as pretensas verdades dos caminhos e descaminhos da arquitetura moderna brasileira, eles retratam as condições materiais e possibilidades intelectuais do período no qual foram produzidos. E os próprios autores – praticamente todos eles hoje com uma carreira consolidada – são conscientes disso, como podemos verificar nas suas próprias palavras. “De minha parte”, diz Sophia S. Telles, “modificações substantivas ocorreram durante esses anos, mais na maneira de ler os projetos – tão fenomenológica, inicialmente – e muito nas interpretações ideológicas e políticas, que considero ainda pouco estudadas no nosso caso. Aplicamos as regras dos anos 1980 mais com espírito militante do que propriamente universitário, no sentido de conhecer a fundo o que sequer sabíamos suficiente, a arquitetura brasileira, e muito menos a arquitetura moderna em geral”[12]. Ou então, na ponderação de Carlos Eduardo Dias Comas: “Hoje eu seria muito mais crítico da interpretação do Frampton; relativizaria – e muito – a importância da identidade nacional e do barroco no período 1936-1945, vendo-a mais como parte da retórica de resistência antiamericana nos anos 1950”[13]. Margareth da Silva Pereira, por sua vez, é contundente sobre o quanto seus artigos são tributários da ocasião: “Ambos os textos revelam meus interesses à época pelas questões de memória coletiva e pelo sentido cultural atribuído a conceitos e palavras, o que pode ser definido como uma tendência geral nesse período. O significado cultural atribuído a palavras como história, utopia, natureza, paisagem e, sobretudo, arquitetura, passou a ser o meu foco de interesse naqueles anos, conjugado a um interesse que nunca deixei de ter pelas biografias. Daí que esses textos revelam ao mesmo tempo meu esforço em juntar essas duas pontas, indivíduo e cultura, e minhas tentativas de abrir espaço para uma reflexão sobre o Brasil, menos apriorística e mais atenta a processos e atores”[14]. Todos os depoimentos são de 2006; será que os autores dariam os mesmos depoimentos quatro anos depois?

E um terceiro risco – este menos perigoso, pois pode ser afastado com uma confissão pessoal do organizador – seria tomar os artigos aqui publicados como os principais. Sem dúvida, alguns o são, mas outros são frutos da escolha idiossincrática de quem os selecionou (e que não se envergonhou de incluir um texto da própria lavra) a partir de uma lista prévia de mais de cinquenta artigos. A escolha envolveu também a busca de diversidade de abordagem, número amplo de autores, diversidade regional etc. Alguns nomes importantes estão infelizmente ausentes, mas tal problema poderá eventualmente ser sanado com a publicação de um ou mais volumes, ampliando a coletânea dos textos fundamentais sobre a história da arquitetura moderna brasileira.

Os artigos selecionados nesta coletânea e publicados em dois volumes têm como datas inicial e final os anos de 1983 e 2002. Transformações profundas são visíveis nesse período. Os livros de referência presentes nos primeiros artigos – de autores importantes, como Venturi, Rossi, Frampton e Giedion – são citados em suas versões originais, mas vão sendo gradativamente substituídos por suas traduções para o português, compartilhando o espaço com novos títulos e autores. Há também uma notável modificação nas notas de rodapé, que, em pouca quantidade e imprecisas nos artigos iniciais, vão se tornando aos poucos mais coerentes e adequadas, para finalmente se tornarem normatizadas nos artigos finais. Essa evolução está em parte descaracterizada nesta edição, pois as notas foram em grande parte corrigidas nas imprecisões e complementadas em suas omissões. Entre salvaguardar o original e colaborar na pesquisa do leitor atual, optamos pela segunda opção, afinal o original poderá ser consultado a qualquer momento nas boas bibliotecas de arquitetura.

Do ponto de vista da argumentação, a necessidade de se criar um “campo” acaba caracterizando o primeiro momento como a busca das características específicas de nossa arquitetura, relacionando suas diferenças a partir de determinações ou princípios culturais, psicológicos, estéticos, civilizacionais etc. Com a sedimentação das primeiras conquistas e o estabelecimento de um espaço discursivo devidamente elástico para suportar a presença de antagonismos e diferenças, as pesquisas e especulações críticas acabam derivando para temas específicos – habitação coletiva ou novas cidades, por exemplo – e levantamentos monográficos – sobre Paulo Mendes da Rocha, Rino Levi, Gregori Warchavchik etc.

Por fim, há o engajamento de pesquisadores estrangeiros, quebrando a hegemonia inicial quase completa exercida pelos pesquisadores brasileiros, com a notável exceção de Bruand. Se o interesse de Paul Meurs – grande entusiasta de nossa arquitetura e dela incansável divulgador na Holanda – pode ser visto como um fato isolado, o mesmo não se pode dizer do interesse dos investigadores argentinos, com a dupla Adrián Gorelik e Pancho Liernur à frente. O número 4 da revista Block é um dos mais importantes documentos sobre a história e historiografia da arquitetura moderna brasileira, trazendo contribuições de pesquisadores brasileiros e argentinos. E não se trata apenas de uma coletânea, mas claramente de um diálogo articulado, como pode se verificar, dentre outros exemplos possíveis, na tentativa da dupla argentina Fernando Aliata e Claudia Shmidt, que tenta “explorar a dimensão clássica da teoria e da obra de Lucio Costa a partir da aproximação do arquiteto à obra de Perret, evidenciada com clareza no conjunto de Monlevade”[15]. Essa entrada analítica – de compreender a arquitetura e teoria de Lucio Costa a partir de sua formação acadêmica – já vinha sendo desenvolvida havia alguns anos por Carlos Eduardo Dias Comas, sob a influência do trabalho historiográfico de Colin Rowe. Fato aceito por Aliata e Shmidt que, após assinalarem que esse aspecto foi, em geral, negligenciado pelos estudiosos de Costa, afirmam que, nesse tipo de abordagem, “exceções no campo historiográfico constituem-se as análises presentes em Comas”[16]. De qualquer forma, esse interesse externo acaba trazendo novamente para a cena a origem da arquitetura moderna no Brasil, que vê mais uma vez repassada as condições de sua implantação em nosso país. O distanciamento histórico permite também um enfrentamento mais tranquilo de episódios problemáticos e ambíguos que foram ignorados ou discutidos com acidez exagerada em outros tempos. Convidamos os leitores a verificarem nos textos originais não só as questões mencionadas nesta breve apresentação, mas o quanto já foi realizado em prol da construção de uma história da arquitetura moderna no Brasil.


notas

[1] O presente texto foi originalmente publicado como apresentação de uma coletânea de artigos publicada em dois volumes: GUERRA, Abilio (org.). Textos fundamentais sobre historia da arquitetura moderna brasileira – parte 1. Coleção Bolso RG, n.1. São Paulo, Romano Guerra Editora, 2010, 316 p. ISBN: 978-85-88585-22-5 (textos de Carlos Alberto Ferreira Martins, Carlos Eduardo Dias Comas, Lauro Cavalcanti, Luis Espallargas Gimenez, Margareth da Silva Pereira, Renato Anelli, Ruth Verde Zein, Silvana Barbosa Rubino e Sophia S. Telles); GUERRA, Abilio (org.). Textos fundamentais sobre historia da arquitetura moderna brasileira – parte 2. Coleção Bolso RG, n.2. São Paulo, Romano Guerra Editora, 2010, 332 p. ISBN: 978-85-88585-23-2. (textos de Abílio Guerra, Carlos Alberto Ferreira Martins, Carlos Eduardo Dias Comas, Claudia Shmidt, Edson Mahfuz, Fernando Aliata, Hugo Segawa, Jorge Czajkowski, Jorge Francisco Liernur, Margareth da Silva Pereira, Maria Beatriz de Camargo Aranha, Nabil Bonduki, Otília Beatriz Fiori Arantes, Paul Meurs e Renato Anelli). Na forma de comunicação, foi apresentado posteriormente no I Enanparq – Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (Rio de Janeiro, 2010), na Mesa “Panoramas da Arquitetura Brasileira Moderna e Contemporânea”, coordenada por Ruth Verde Zein.

[2] GOODWIN, Philip. Brazil Builds. Architecture New and Old 1652-1942. Fotos de George E. Kidder Smith. Nova York, MoMA, 1943.

[3] MINDLIN, Henrique E. Modern Architecture in Brazil. Prefácio de Sigfried Giedion. Rio de Janeiro, Colibris, 1956, p. 199. (Versão brasileira: MINDLIN, Henrique E. Arquitetura moderna no Brasil. Tradução de Paulo Pedreira. Prefácio de S. Giedion. Apresentação de Lauro Cavalcanti. Aeroplano/Iphan, Rio de Janeiro, 1999.

[4] BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 1981.

[5] Na verdade, o curso de mestrado em arquitetura mais antigo do país é o da UnB, mas a consolidação da área de história é tardia, com praticamente todos seus professores se pós-graduando na USP.

[6] SEGAWA, Hugo; CREMA, Adriana; GAVA, Maristela. Revistas de arquitetura, urbanismo, paisagismo e design: a divergência de perspectivas. Arquitextos, São Paulo, n. 057, texto especial 282, Portal Vitruvius, fev. 2006. <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp282.asp>.

[7] Os três arquitetos migraram posteriormente para a academia, onde ocupam hoje posição de destaque na USP, caso de Hugo Segawa, e no Mackenzie, caso de Ruth Verde Zein e Cecília Rodrigues dos Santos. Esta última é coautora de um dos mais importantes livros da historiografia da arquitetura moderna brasileira: SANTOS, Cecília Rodrigues dos; PEREIRA, Margareth da Silva; CALDEIRA, Vasco; PEREIRA, Romão Veriano da Silva. Le Corbusier e o Brasil. São Paulo, Tessela/Projeto, 1987.

[8] O curso de graduação em arquitetura na PUC-Rio só foi inaugurado no ano 2002.

[9] A revista Óculum n. 1, publicada em 1985, foi uma iniciativa autônoma de um grupo de estudantes e recém-formados, todos da PUC-Campinas. A partir do n. 2, de 1992, a revista torna-se revista institucional da escola. A professora Margareth da Silva Pereira, membro da revista Gávea nos anos 1980, participa de forma muito efetiva desse momento especial da escola de Campinas.

[10] Sobre a amplitude dos trabalhos monográficos realizados nos programas de pós-graduação, ver GUERRA, Abilio. Monografia sobre Salvador Candia e a necessidade de um diálogo acadêmico. Resenhas Online, São Paulo, vol. 78, ano 7. Portal Vitruvius, jun. 2008, p. 208 <www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha208.asp>.

[11] COSTA, Lucio. Carta-depoimento (1948). In XAVIER, Alberto (org.). Lucio Costa: sobre arquitetura. Textos de Lucio Costa. Porto Alegre, Centro dos Estudantes Universitários de Arquitetura, 1962, p. 125.

[12] TELLES, Sophia S. Depoimento por email, 09 out. 2006.

[13] COMAS, Carlos Eduardo Dias. Depoimento por email, 23 set. 2006.

[14] PEREIRA, Margareth da Silva. Depoimento por email, 11 set. 2006.

[15] ALIATA, Fernando. Depoimento por email, 09 ago. 2006.

[16] ALIATA, Fernando; SHMIDT, Claudia. Lucio Costa, o episódio Monlevade e Auguste Perret. In GUERRA, Abilio (org.). Textos fundamentais sobre história da arquitetura moderna brasileira – parte 2, p. 255.


textos constantes na obra

volume 1

1.
A arquitetura modernista: um espaço sem lugar
Sophia S. Telles
1983

2.
Pós-modernismo, arquitetura e tropicália
Luis Espallargas Gimenez
1984

3.
Uma certa arquitetura moderna brasileira: experiência a reconhecer
Carlos Eduardo Dias Comas
1987

4.
Protótipo e monumento, um ministério, o ministério
Carlos Eduardo Dias Comas
1987

5.
Le Corbusier, o estado novo e a formação da arquitetura moderna brasileira
Lauro Cavalcanti
1987

6.
O futuro do passado ou as tendências atuais
Ruth Verde Zein
1987

7.
Autenticidade e rudimento. Paulo Mendes da Rocha e as intervenções em edifícios existentes
Luis Espallargas Gimenez
1988

8.
Lúcio Costa: monumentalidade e intimismo
Sophia S. Telles
1989

9.
Arquitetura moderna, estilo Corbu, pavilhão brasileiro
Carlos Eduardo Dias Comas
1989

10.
A arquitetura brasileira e o mito: notas sobre um velho jogo entre afirmação-homem e presença-natureza
Margareth da Silva Pereira
1990

11.
Oscar Niemeyer, técnica e forma
Sophia S. Telles
1992

12.
Arquitetura de cinemas em São Paulo, o cinema e a construção do moderno
Renato Anelli
1992

13.
Identidade nacional e estado no projeto modernista, modernidade, estado e tradição
Carlos Alberto Ferreira Martins
1992

14.
Gilberto Freyre e Lúcio Costa ou a boa tradição, o patrimônio intelectual do SPHAN
Silvana Barbosa Rubino
1992

volume 2

15.
A utopia e a história, Brasília: entre a certeza da forma e a dúvida da imagem
Margareth da Silva Pereira
1992

16.
A arquitetura racionalista e a tradição brasileira
Jorge Czajkowski
1993

17.
Rino Levi: arquitetura como ofício
Maria Beatriz de Camargo Aranha
1993

18.
Teoria acadêmica, arquitetura moderna, corolário brasileiro
Carlos Eduardo Dias Comas
1994

19.
Modernismo e tradição, preservação no Brasil
Paul Meurs
1995

20.
Habitação social na vanguarda do movimento moderno no Brasil
Nabil Bonduki
1996

21.
Oswaldo Arthur Bratke: Vila Serra do Navio e Vila Amazonas
Hugo Segawa
1997

22.
“Há algo de irracional…”, notas sobre a historiografia da arquitetura brasileira
Carlos Alberto Ferreira Martins
1999

23.
The south american way, o milagre brasileiro, os estados unidos e a segunda guerra mundial – 1939-1943
Jorge Francisco Liernur
1999

24.
O mediterrâneo nos trópicos. Interlocuções entre arquitetura moderna brasileira e italiana
Renato Anelli
1999

25.
Lúcio Costa, o episódio Monlevade e Auguste Perret
Fernanda Aliata e Claudia Shmidt
1999

26.
Resumo de Lúcio Costa
Otilia Beatriz Fiori Arantes
2002

27.
O clássico, o poético e o erótico: método, contexto e programa na obra de Oscar Niemeyer
Edson Mahfuz
2002

28.
Lúcio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre arquitetura e natureza tropical
Abilio Guerra
2002


Abilio Guerra
Arquiteto (FAU PUC-Campinas, 1982), mestre e doutor em História pelo (IFCH Unicamp 1989 e 2002), professor da FAU Mackenzie (graduação e pós-graduação). Com Silvana Romano Santos, é editor da Romano Guerra Editora e do Portal Vitruvius.


Colaboração editorial: Débora Andrade e Luciana Jobim

Sobre Danilo Matoso

Arquiteto e Urbanista Brasília - DF
Esta entrada foi publicada em Abilio Guerra, Ensaio e pesquisa, Série Panoramas da Arquitetura Brasileira e marcada com a tag , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

1 respostas para A construção de um campo historiográfico

  1. Pingback: Brasília (I) / Urbana / 2018 - Resenha Crítica

Deixe uma resposta